Os efémeros lábios em diálogo, lábios e lábios,
a noite passa entre corpos distantes, indecifráveis
objectos que continuamente voam pela nossa
indiferença. Tudo nos é indiferente.Temos a insónia,
a substância da insónia azul e areada, imagens imensas
caídas lentamente pelos ombros, a noite completa
afinal, os teus lábios coando a luz exterior da janela
dos lábios.
Repara nos lábios, a abertura do corpo como todos os lábios, toca com os dedos aqueles lábios ou com os lábios,
aproveita a noite das palavras para dizer o corpo que se une ao seu silêncio, a matéria do corpo eloquente sob os laços.
E nada mais, porque aí só o desconhecido atordoa
o fio dos lábios.
Na noite, quando a insónia ronda a velatura dos olhos,
olhar-te
imbuída a luz desta sombra de lábios.
Move os lábios pelas hastes do meu corpo.
Movo lábios pelos múltiplos lábios do teu corpo.
Em silêncio, decompomos o corpo.
Assim, sendo efémeros por um instante. Ou eternos.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
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