quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sentidos

A expectativa da emoção, conjugar o último verbo que emergir nos lábios – ficasse nas veredas do dia para inventar um sentido.
Deixo que a hora absorva a luz, de todas as sombras fluem imagens insones, entrego a interpretação ao olhar, a definição sem sentido de um instante profundo.
Sentindo pelas escarpas do ar o voo das aves e caminhar com as mãos nos bolsos a favor do vento, houve um dia coroado de nomes no litoral da alma e acenderam-se candeeiros pelos pulsos.
Nas veredas do dia – quando o dia era único e a sua boca - e a espuma no areal celebrava o festim dos corpos. Poder sentir a pele límpida contra a pele, olhar-te absorta contra o mar ou o amor na cúpula das ondas.
Estendidos sob o sono líquido, na língua líquida do sal, ouço as veias declinar o lume inadiável dos sentidos. Perscrutar o palco do íntimo desejo – dedilhara a água pela falésia dos ombros. Nada mais haver para possuir um dia, nem entender a viagem póstuma dos navios,

ficasse nas veredas do sentido,
quando a expectativa silente da emoção.

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